Sunday 29 August 2010

Índice de Gini e o grande feudo chamado Brasil.

A gente estuda na sexta, sétima série um período chamado Idade Média. Na maior parte dessa época toda a dinâmica social era baseada no feudalismo. Uma família estupidamente rica tinha um grande território que ela dividia para seu melhor aproveitamento, essas terras se chamavam feudos. Não sei na escola de vocês, mas na minha, a gente tinha que desenhar um feudo na prova, e ele ficava mais ou menos assim:


Contando que se as casinhas e o manso servil estivessem na mesma escala do castelo eles seriam pontos na folha, acho que da pra ver que alguns viviam um pouco mais confortavelmente que outros. Essa diferença entre o senhor sentado na sua varanda em Copacabana tomando champagne e o servo andando 25 quilômetros até o riacho mais perto pra pegar um balde de água imunda se chama Índice de Gini.
Bom, agora imaginem que a muralha ao redor do feudo tenha este formato

e troquem as seguintes palavras: Bosque por Floresta Amazônica (ah, e imaginem ela umas 20 vezes menor), Castelo por um nome de uma companhia qualquer (afinal de contas, a maioria é fantasma mesmo), Princesa por Presidente/Deputado/Ministro/Doutor, Aldeia por Favela, Manso Senhorial por Latifúndio e Manso Servil por "Agricultura Familiar".
Muito bem, a gente aprendia também que o servo e o senhor tinham algumas obrigações uns para com os outros a exemplo da corvéia (trabalho servil no manso senhorial), da talha (parte da produção servil entregue ao senhor) e da banalidade (pagamento sobre o uso dos instrumentos do senhor). Em troca disso, o senhor concedia ao servo algo que na época era muito presado: proteção contra os bárbaros. A diferença é que no caso do Feudo Brasil, os bárbaros vivem pro lado de dentro da muralha.

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